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Patrimônio Imaterial - 2012





A instalação Patrimônio Imaterial serve-se de um leitor de código de barras, comumente empregado para consulta de preços de produtos, buscando criar um sistema de interação artística em que a mecanicidade pragmática, geralmente associada ao uso do equipamento, é substituída por uma aplicação com viés poético, na qual se dá maior ênfase à subjetividade do interlocutor.

Na instalação, ao lado do leitor de código de barras, é deixado, por sobre uma prateleira, um ficheiro que contém quase duas centenas de fichas. Todas essas fichas se aparentam, possuindo na sua face apenas um código de barras, embora cada uma tenha estampado um código diferente.

O interlocutor é convidado a retirar arbitrariamente qualquer uma das fichas e passá-la no leitor. Ao fazê-lo, o aparelho apresenta, na sua tela, ao invés da descrição de um produto e seu preço, um poema.

Cada uma das fichas está relacionada a um poema diferente, os quais são todos no formato de quadras, e detêm cunho epigramático, abordando diversas temáticas da vida cotidiana, geralmente de maneira irônica e sentenciosa, tais como o amor, a solidão, o trabalho, as preocupações, as crises, etc.

A interação promovida por Patrimônio Imaterial, deste modo, suspende-se sobre três faces: uma escolha de ordem binária em participar ou não da proposta, retirando uma ficha e consultando-a; a aleatoriedade, pois que a ficha a ser escolhida se encontra dentre inúmeras de aparência semelhante; e a apropriação subjetiva do poema que é exibido pelo equipamento.

Como é evidenciado pelo nome do trabalho, a interseção entre um equipamento de leitura e de disponibilização de dados com fichas que remetem a fichas catalográficas procura fomentar a impressão de se estar consultando um acervo museológico.

Todavia, este acervo não é composto por descrições de obras existentes, e sim por textos poéticos que são, cada qual, uma obra diferente, cuja imaterialidade só é passível de adquirir aspecto concreto quando beneficiada de uma apreensão ativa por parte do interlocutor, que poderá fornecer-lhes sentido em acordo às suas perspectivas próprias e ao seu repertório pessoal. Ou seja, comprando-os, como convém ao uso de um leitor de código de barras, embora não em sentido financeiro, mas significativo, ao incorporá-los como parte de seu patrimônio subjetivo.

Reportagem exibida pela Rede Globo, no Jornal MGTV, sobre o FAD - Festival de Arte Digital de 2012, no qual a instalação "Patrimônio Imaterial" foi exposta pela primeira vez. Na matéria, há uma entrevista com o artista e é demonstrado o funcionamento da obra, além de serem apresentadas outras obras e entrevistas com outros artistas que também fizeram parte do Festival.

 

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