Manual Pictórico - 2012
Resumo>
Obra apresentada na forma de três saboneteiras de parede, enchidas com tinta guache, ao invés de portarem líquido para higiene. Cada delas uma possui uma das três cores primárias. Ao lado das saboneteiras, há um toalheiro cujo papel toalha foi substituído por uma bobina de lona para tela de pintura. Manual Pictórico referencia ao ideal Neoconcreto de busca pela tatilidade na pintura, convidando o visitante a dispor-se a colocar a tinta em suas mãos e fazer dela o que bem entender, numa forma em que diversos aspectos correlacionados à pintura são explorados. Colocadas na parede, as saboneteiras exercem a função de enquadrar e expor a tinta, como que fossem elas mesmas uma espécie de quadro tríptico, explorando cores e formas concretas. Mas é um quadro cujo convite à sua contemplação se dá pela atividade iterativa de trazer para as próprias mãos a tarefa de realizar uma pintura a partir dele.
Com isso, Manual Pictórico coloca-se em oposição diametral ao que é tradicional do processo da pintura; Nele, a tinta não está seca, está pronta para uso, fazendo-o apresentar-se não como o produto acabado, mas como uma base potencial para a atividade criativa, invertendo, assum, a raiz da hermeticidade da galeria. Se, quando um quadro fica pronto, ele costuma ser retirado da sujidade do ateliê e levado para um ambiente limpo, em Manual Pictórico, a instalação inicia a exposição asseada e, com o passar do tempo, ao uso que dela fizerem os interlocutores, vai crescendo para o espaço, tornando a própria galeria um ateliê coletivo para um mural de feitura initerrupta, sob as muitas mãos dos visitantes participantes. Sendo a obra a pintura em síntese, resumida às cores e materiais primários, bem como um convite ao contato direto com a tinta, fica claro o trocadilho do título; O termo "Manual" tanto pode referir-se à qualidade da instalação apontar e se colocar como um fundamento básico, uma guia para a atividade da pintura, quanto ao caráter tátil, imprescindível para sua contemplação adequada.
